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Ricardo Baptista Leite fez esta quinta-feira, no Parlamento, um retrato da saúde em Portugal e que sintetizou de uma forma simples: “um SNS em rutura”. Numa interpelação ao Governo sobre a “Situação da saúde em Portugal”, o também porta-voz do Conselho Estratégico Nacional (CEN) para a Saúde, começou por apontar as contradições de figuras da esquerda que, por um lado, criticam a degradação do SNS e, por outro lado, capitularam perante os factos negativos quando viabilizaram orçamentos que conduziram a um estado calamitoso. Ricardo Baptista Leite referiu-se aos alertas de Correia de Campos, que falou num “SNS perto de uma crise grave”; de Carlos César, que deu uma reprimenda ao Executivo sobre a “tendência de degradação do Serviço Nacional de Saúde”; da atual líder do grupo parlamentar socialista, a deputada Ana Catarina Mendes, que reconheceu “os relatos de falhas no SNS”; e de Catarina Martins, coordenadora do BE, que numa entrevista revelou que a “a saúde é dos setores mais frágeis” da governação.
“Isto depois do Bloco, PCP e PEV terem aprovado e viabilizado quatro orçamentos seguidos nesta Assembleia da República. Isto depois de quatro anos de ação cúmplice entre PS, PCP, Bloco e PEV no desgoverno da nossa saúde. Se a saúde está frágil é também pela vossa irresponsabilidade e pela vossa ambição cega pelo poder. O poder não pode existir apenas pelo poder. O poder só deve existir se for para servir as pessoas. E os senhores violaram esse contrato social com os portugueses, abandonando-os cada vez mais à sua sorte”, denunciou.
O deputado do PSD lamenta que o Governo e a maioria de esquerda tenham “teimosamente negado esta realidade”. “Diziam que o SNS nunca havia produzido melhores resultados nos seus 40 anos de existência. Mas depois vieram as eleições e tudo mudou. Foi a epifania”, ironizou.
Ricardo Baptista Leite considera que o primeiro passo é o Governo reconhecer o fracasso da sua ação: “tempos de espera inaceitáveis com o número de doentes em listas de espera constantemente a aumentar”, como 800 dias para os doentes com patologia cardíaca; pouca cobertura nacional, “com mais de 600.000 portugueses sem médico de família”; menos disponibilidade de profissionais do que tínhamos no tempo da crise; “degradação dos indicadores de saúde materno-infantil”; médicos, enfermeiros, farmacêuticos, técnicos e auxiliares de saúde a trabalharem sem qualquer reconhecimento da tutela; “investimento irrisório nos cuidados continuados e uma ausência quase absoluta de respostas de cuidados paliativos”; falta de investimento total, já que “nem um equipamento hospitalar novo foi construído nestes vossos anos de governação”; atrasos no pagamento a fornecedores, “com o consequente aumento das dívidas”; incapacidade de “resposta aos desafios do envelhecimento, das necessidades de autonomia da gestão, dos avanços tecnológicos, ou da humanização”.
“Nada. Simplesmente falharam. Por isso, está na hora de inverter o caminho e para isso o Governo tem de fazer o seu mea culpa. O Primeiro-Ministro tem de reconhecer o desnorte na saúde e tem de assumir que está agora disponível para fazer as mudanças estruturais que o SNS precisa”, assinalou.
O deputado social-democrata entende que o Governo é “incapaz de reconhecer os seus erros”, ao mesmo tempo que será “incapaz de mudar de rumo”. “Já Einstein dizia que insanidade é continuar a fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes. Temos de acabar com esta loucura antes que ela destrua de vez o Serviço Nacional de Saúde”, acrescentou.
Ricardo Baptista Leite conclui que a solução para acabar com a “degradação do SNS”, que é de “tal forma calamitosa que é impossível disfarçar”, é reformar o sistema “de cima a baixo”. “O Partido Social Democrata está disponível para reformar a saúde em Portugal e sabemos o caminho que tem de ser percorrido para salvar o Serviço Nacional de Saúde. Portanto, não vale a pena falarem em pactos de regime e outros acordos que não sejam para reformar o sistema de cima a baixo. Se o Partido Socialista quer continuar a negociar os Orçamentos do Estado como se de uma mercearia se tratasse, então que continue a ir ao supermercado da geringonça. Para continuar tudo como está, não contem connosco”, disse.