PSD não quer caso de Tancos adormecido

18 de julho de 2017
PSD

 

O furto de material de guerra, em Tancos, é demasiado grave para se ir de férias, sem averiguações prévias ao que sucedeu, de acordo com os deputados do PSD. Depois da reintegração dos cinco comandantes – afastados dos cargos, pelo Chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, para não perturbarem as averiguações internas – bem como da decisão de transferir o material que ainda se encontra em Tancos para outros paióis, os deputados do PSD querem saber os resultados das averiguações.

“É tempo de pedir responsabilidades e explicações”, afirma o deputado social-democrata José Matos Correia. Ainda nesta sessão legislativa, o PSD vai requer a audição urgente do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, o general Pina Monteiro, do secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), José Júlio Pereira Gomes, e da secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, Helena Fazenda.

“O PSD está, assim, a dar corpo à perplexidade que atingiu o País desde a semana passada, mais concretamente desde a reunião em que estiveram presentes o senhor primeiro-ministro e os senhores militares, porque, aparentemente, tudo aquilo que era grave deixou de ser grave, as contradições são imensas”, afirma José Matos Correia. “Do ponto de vista político e do ponto de vista militar, umas vezes dizem-se umas coisas, outras dizem-se outras. São muitas as contradições que têm surgido nas declarações quer dos responsáveis do Governo, quer das chefias militares.

Desde logo, entre as primeiras declarações do Ministro da Defesa e do Chefe de Estado-Maior do Exército, e as declarações do primeiro-ministro, quando voltou de férias, e do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, Pina Monteiro, tentando desvalorizar o furto de material militar de Tancos. Para o PSD a “tese” de que o material roubado estava obsoleto e, como tal, não terá valor de utilização, não apaga as fragilidades da falta de segurança dos paióis.

O primeiro-ministro afirma agora que, antes de ir de férias, lhe foi “garantido, pela Coordenadora da Segurança Nacional, com grande certeza e segurança que este material não se destinava ao terrorismo internacional”. Importa saber que informação tinha Helena Fazenda para poder dar estas garantias ao primeiro-ministro.

O ministro da Defesa assumiu que o furto era uma situação grave e que o material de guerra “estaria a entrar para os circuitos de comércio ilegal de armas”, o que justificava a obrigação de alertar os nossos parceiros da NATO. Quando o primeiro-ministro chegou de férias, soube-se, afinal que o material não estava em condições de ser utilizado. Falamos do mesmo material que teria, alegadamente, sido furtado por profissionais altamente preparados e com ajuda interna.

“É preciso ir ao fundo das questões. Como disse o senhor Presidente da República, apurar tudo até às últimas consequências. Esperamos que os outros grupos parlamentares estejam disponíveis para aceitar a proposta que o PSD apresentar. Se não o fizerem há instrumentos regimentais que o PSD não deixará de utilizar para que as pessoas em causa possam vir à comissão”, sublinha José Matos Correia.

Em função do que for dito na reunião da comissão parlamentar, o PSD não descarta ainda a possibilidade de voltar a chamar o ministro da tutela, Azeredo Lopes, e o Chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte.